18 de maio de 2017

Sofia

A primeira coisa que eu reparei em você foram as covinhas que seu rosto ganhava toda vez que você sorria. Eu só precisei de duas semanas para me apaixonar por você, e talvez nem estivesse tão apaixonada assim.

Dessa vez, foi tudo muito diferente.

Você não escutava as mesmas músicas que eu, você não assistia os mesmos filmes que eu, nós não frequentávamos os mesmos lugares, nem nossas ideias caminhavam para mesma direção. Você ficava sempre surpresa quando eu dizia alguma coisa sobre mim, porque nada do meu mundo fazia parte do seu. Era absurdo que mesmo com todas essas diferenças, eu ainda quisesse conquistar qualquer coisa em você.

O que mais me deixava pensativa em relação a você não eram todas essas nossas diferenças, não. Você era uma menina, eu era uma menina e todos aqueles sentimentos acabavam se misturando com a incerteza de que aquilo pudesse ser muito ilógico para você. 

Viramos amigas. Me sentia meio perdida em todas as festas que você me chamava pra ir, mas pelo menos dançávamos juntas e bebíamos a noite inteirinha. Eu até me divertia vendo com você todas aquelas comédias românticas que te faziam chorar. Nessas horas, acho que nossas diferenças sumiam e era bom viver todos aqueles momentos ao seu lado.

Eu gostava de fazer carinho no seu cabelo, na sua pele, que vibrava toda vez que eu te tocava, e de ficar olhando você fazendo o que quer que fosse. Ao mesmo tempo morria de medo que você desconfiasse que na verdade eu estava mesmo apaixonada por você. 

Nós nunca nos beijamos. Você nunca descobriu.

Nossa amizade acabou abrindo espaço para novas pessoas, comecei a namorar um cara mais velho e você seguiu sua vida. De forma tão crua quanto estas palavras que te escrevo.

Agora parece que todas aquelas nossas diferenças são como abismos, Sofia.