11 de abril de 2020

heaven knows i'm miserable now

‌eu guardo muitas imagens bonitas de você. mas talvez a mais bonita seja daquele dia, que já era tarde da noite, entrando pela madrugada. estávamos no meu quarto e você vestia um camisão velho meu. ficava parecendo uma camisola em você. seu cabelo caía pelo rosto, bagunçado. ligamos o pisca pisca do meu quarto, e tudo ficou colorido. não que você já não estivesse iluminando bastante todos aqueles dias. você deitou ao meu lado e começou a acompanhar a música dos smiths, que tocava tinha algum tempo. sorriu pra mim e cantarolou sem voz "good times for a change". sorri pra você e se a gente emana alguma cor quando sorri, meu sorriso tinha todas as cores do mundo. você sorria, mas sem mostrar os dentes, e balançava a cabeça conforme a música, de olhos fechados. talvez essa seja a imagem mais bonita que eu tenha da vida. mas acho que percebi bem naquela hora e naquele momento que aquilo tudo era demais pra mim. se sentir preenchida é assustador, né? me desculpa que não te respondi direito nos dias que se seguiram, eu não ia saber o que fazer. me desculpa quando parei de tesponder. eu ainda sinto saudades, mas eu não ia saber o que fazer contigo. pareceu muito pra mim.

22 de fevereiro de 2020

Teresa

Eu tinha 20 e poucos anos quando conheci Marina Lima. Na época da faculdade, juntávamos cinco ou seis e íamos tomar uma cerveja num bar lá no centro. Hoje não lembro o nome dele, mas lembro que ficava numa varanda, a cerveja era barata e gelada, o som era legal e o banheiro era terrível. Religiosamente, fazíamos isso toda quinta-feira, e já nos primeiros meses do curso de comunicação, Tetéu tinha virado nosso garçom de estimação.

Naquele dia em que eu conheci Marina Lima, fazia um calor danado. Já estávamos indo para saideira quando chegaram mais três meninas que se juntaram ao nosso grupo. Milena, Amanda e Teresa eram de outra turma mas conheciam um dos meninos que estavam com a gente. Teresa sentou do meu lado, num lugar que estava vago. Elas pediram mais uma cerveja, depois mais outra e mais outra. Pensei se já não estava na hora de ir embora, já que nem tinha avisado nada em casa. Nem precisei comentar nada porque Tetéu veio avisar que o bar estava fechando. Olhei pro relógio e vi que era quase meia noite. Estávamos pagando a conta quando Teresa perguntou se a gente não queria estender na casa dela, que tinha algumas cervejas argentinas esperando a oportunidade certa. Eu queria ter dito que não mas por algum motivo eu concordei, mesmo com parte do pessoal tendo dito que iria pra casa mesmo.

Teresa morava a poucas ruas do bar, num apartamento charmosinho no centro. O apartamento ficava no terceiro andar e não tinha elevador. Cheguei meio ofegante. Soltaram uma brincadeira sobre eu não estar em forma e, antes de se virar para abrir a porta, Teresa afastou as mechas de cabelo que tinham caído no meu rosto. Quando entramos, acenderam uma luminária que ficava no canto da sala. No outro canto, tinha um violão. Lembrei das aulas de violão que tive, ainda quando criança, e não deram em nada. Sentei no sofá e Teresa apareceu com a cerveja e alguns copos. Não conhecia aquela marca e o primeiro gole foi amargo, mas logo me acostumei. O pessoal começou a conversar e falamos sobre um bocado de coisas, botaram uma música para tocar e em determinado momento Teresa, que já parecia estar no brilho, pegou o violão. Desligamos o som e ela começou a ensaiar uns acordes. Sorriu meio de lado, balançou a cabeça. "Eu acho que esqueci de tudo", ela disse. Mas o pessoal não deixou de incentivar e eu só tava observando. Não tinha percebido como Teresa era bonita ainda. Ela então começou a tocar e cantar. "Sei que você fez os seus castelos" - pausa para coçar a garganta - "E sonhou ser salva do dragão".

Comentei com meu amigo que não conhecia aquela música e ele disse que era Marina Lima. Tentei pesquisar rapidamente nos arquivos da minha cabeça e não encontrei nada. Teresa continuava. "Quando acordou estava sem ninguém... Xii". Caralho. Abri um sorrisinho e naquele mesmo momento ela olhou pra mim sorrindo também. "Mesmo que seja eu", ela completou. Eu nem tinha prestado atenção na letra direito, mas tinha adorado aquele momento. O pessoal seguiu cantando um monte de coisa. Cazuza, Cássia Eller, Fagner e muitas outras coisas, boas e horríveis, que eu não lembro mais agora. Lá pelas tantas, quase todo mundo tinha dormido, ali mesmo pela sala. Peguei um copo d'água e fui até a varanda. Era grande. Tinha uma rede e duas cadeiras, sentei numa delas. Em algum momento Teresa chegou também.

"Nunca tinha te visto pela faculdade", ela disse. Comentei que eu tava sempre por lá e dei uma risadinha. "Gostei muito da música que tu cantou, a primeira. Não conhecia", eu disse. Ela me olhou meio surpresa, sorriu e disse que adorava Marina Lima. Bem animada, ela também comentou que tinha um CD e que eu precisava conhecer. Perguntou se queria emprestado. Eu disse que sim e ela levantou para pegar, me chamou pra ir junto também. Fui com cuidado para não acordar ninguém na sala.


O quarto dela era simples, tinha uma cama, um guarda-roupa e uma escrivaninha repleta de CDs, todos empilhados. Me perguntei quem que colecionava tanto disco assim. Ela começou a procurar o CD e continuei observando o quarto dela. Fui até uma pequena prateleira que tinha muitos livros. Quase todos com cara de sebo. Sartre, Bukowski, Focault, Virginia Woolf, Kafka e muitos outros autores que eu não conhecia. Me chamou atenção um livro de Albert Camus que sempre quis ler. Vi também que tinha um radinho pequeno em cima da escrivaninha. Ela já tinha achado o CD e estava me olhando. Sorri pra ela. "Bora ouvir aqui", propus olhando pro radinho. Quase como num susto, ela concordou e colocou o CD no rádio. Me explicou que música era aquela e que tinha o mesmo nome do disco. "Fullgás". Ela cantarolava baixinho.

Sentei na cama esticando as pernas. "Tudo bem sentar aqui?", perguntei. Ela fez que sim e sentou perto de mim. "Gostasse dos livros?", ela perguntou apontando para estante. Falei que morria de vontade de ler O Estrangeiro e ela disse que eu podia levar emprestado. Sorri com o canto da boca. "Massa", falei. Começamos a conversar sobre o livro, sobre outros livros, sobre poesia, sobre música, sobre o signo de escorpião, sagitário, Caetano Veloso e não sei mais o que lá. Não percebi que estávamos tão pertinho uma da outra. Senti um frio na barriga e sorri pra ela. Ela sorriu e me deu um beijo. Quase de surpresa. Retribuí o beijo e me senti como se fosse o meu primeiro dia no mundo. 

Continuamos nos beijando e não demorou muito até que a mão dela começasse a passear lentamentr pelo meu corpo. Primeiro na lateral da barriga, depois coxa e fui acompanhando, também tateando o corpo dela. Ela beijou meu pescoço e eu me senti levinha. Passei a mão pela nuca dela e fiz um cafuné rapidinho. Ela parou e falou que adorava aquilo. Sorri, fiz outro carinho e beijei seu beijei seu pescoço. Ela soltou um gemido baixinho e eu fui descendo enquanto beijava tudo que podia antes de chegar nos peitos. Lembro bem que nessa hora tocava uma música que dizia alguma coisa como "mágica no absurdo". Passei a mão pelo peito dela, por debaixo da blusa e continuei pelo seu corpo. Ela perguntou se tava tudo bem se tirasse a blusa. Eu disse que, meio ofegante, claro que poderia tirar. Ela estava sem sutiã e comecei a beijar os peitos também. Com a língua, fiz carinho num dos mamilos enquanto tocava no outro. Gemi baixinho também e tirei a blusa. Eu tava de sutiã e ela conseguiu tirar sem nenhuma dificuldade com uma mão só. Começou a tocar nos meus peitos também. Sorriu pra mim e colocou a mão na minha virilha e desabotoou meu jeans. Ficamos só de calcinha.

Enquanto me beijava, Teresa fazia carinho no meio das minhas coxas. Achei muito gostoso. Depois de algum tempo assim, de beijo, mão, lambida, nuca, peitos, não aguentei mais. "Me fode", falei baixinho. Bem de leve, ela afastou minha calcinha e começou a fazer carinho na minha buceta. Eu tava molhada. Ela passou um tempo ali até que entrou devagar e eu gemi, só que dessa vez mais alto. Mas nem tanto pra não chamar atenção.

Tava tão gostoso que eu podia passar a vida toda daquele jeito. "Me fode", pedi de novo. Ela então me fodeu rápido e forte enquanto chupava meus peitos. Parou e disse que queria me chupar. Eu fiz que sim e ela desceu devagarinho e começou a beijar minha virilha, depois as coxas, até que entrou com a língua na minha buceta. Senti meu corpo contrair todinho. Toquei na cabeça dela e achava um tesão quando ela gemia enquanto me chupava. Senti muita vontade de mijar e falei pra ela, que disse "Só vai". Não mijei mas pouco tempo depois senti como se todo o universo tivesse concentrado ali. Gemi enquanto ela também gemia e gozei ainda na boca dela. Depois ficou tudo sensível e ela subiu pra me beijar. Enquanto a gente se beijava, entrei nela. Primeiro com um, depois com dois dedos. Ela pediu pra que eu fosse mais rápido e fui. Ela gemeu até revirar os olhos e gozou logo depois. Sorriu pra mim ofegante e eu sorri de volta.

Deitei no braço dela enquanto ela fazia carinho no meu braço. Eu nunca vou saber em que momento apagamos, mas lembro que o som já não estava mais rolando e um ou outro passarinho insistia em cantar.