24 de dezembro de 2011

bem cedinho

bom dia, meu amor. acordei mais cedo só pra te ver dormir. são cinco horas e aqui estou eu, te olhando e te sentindo e te amando. que preguiça. fico imaginando no que você está sonhando. deve ser um sonho bom, você está quase que sorrindo.

levanto da cama devagar, quase sem me mexer. o quarto ainda está escuro, mas a janela mostra que o sol já dá o ar de graça, rasgando um dia muito bonito. imagino que tão bonito quanto você, aí, toda encolhidinha, enrolada nesse lençol branco.

vou até a cozinha, coloco água na chaleira e olho o dia nascer. os passarinhos cantam no vizinho, sopra um vento bom no meu rosto e é fantástico ver o dia ganhar cor. bonito mesmo, minha linda. penso que só não desejo você vendo isso comigo agora, porque não queria te tirar da cama, o teu sono tá gostoso demais.

a chaleira apita. fico com medo que você desperte e logo apago o fogo. pó, água, as últimas gotinhas pingando no bule, o cheiro bom de café e você. você tem esse jeito que se mistura com tudo que é bom, e melhora todas as coisas.

tomo meu café ao som do último passarinho cantante, o apartamento já ganhou sua luz e, acredita que o jornal já chegou? volto ao quarto para te olhar mais um pouco, você continua do mesmo jeitinho. dou um beijo na tua bochecha, digo que te amo bem de mansinho e deito novamente ao teu lado. bom dia, meu amor.

19 de dezembro de 2011

para alice não esquecer de amar

Alice,
menina, quando você perguntou ontem sobre amor, eu fiquei sem palavras. Eu ainda estou sem palavras, florzinha, diante desse sentimento tão grandioso e nobre, qualquer um fica sem palavras.
Você perguntou se valia a pena. Olha, vou te dizer que vale a pena sim.
Vale a pena pra você, principalmente! Independente de qualquer coisa, você vai crescer se espalhar amor por aí.
Sei lá, Alice... Ama! Ama sem esper-




Alice, amar é uma merda.

18 de dezembro de 2011

mais um ensaio sobre você

Entra pra ver como você deixou o lugar;
E o tempo que levou pra arrumar aquela gaveta.
Açúcar ou adoçante, Cícero

12 de dezembro de 2011

deixa eu te contar

do medo que eu tenho que você vá. da vontade que eu tenho de te ter perto pra sempre.
do medo que eu tenho de machucar você. de como eu tenho tentado te cativar com todo o cuidado do mundo.
da felicidade que você trouxe quando chegou.
deixa eu te contar que eu gosto muito de você, muito mais do que cabe.
deixa eu te contar que é daqui até a lua,
ida e volta.

10 de dezembro de 2011

ensaio sobre você

Não se esqueça,
por enquanto,
de esquecer alguma coisa
pela casa
e vir buscar do nada
Açúcar ou adoçante, Cícero

7 de dezembro de 2011

passarinho no dia de número 7

Você acordou cheia de dengo, me pediu um café, ainda com os olhos fechados e voltou a dormir. Apareci meia hora depois com nossas canecas e bolo. Te dei um beijo e você imediatamente levou a mão ao rosto, sorrindo. Murmurou sobre minha barba e abriu os olhos devagarzinho. Que preguiça gostosa você exalava!

Como sempre, pegou a minha caneca e deu um gole no café. Suspirou e voltou a deitar. Disse que hoje estava com vontade de ficar na cama o dia inteiro e eu disse que um banho resolveria. Você deu um pulo e mordiscou a pontinha do bolo. Disse que ia pro banho e me deu um abraço bem demorado. Demorou uns quarenta minutos no banho e saiu de lá de pele gelada, cheirando à flor, e vestido colorido. Você é tão bonita.

O seu café já tinha esfriado e eu já tinha comido todo o bolo. Tomou suco e comeu abacaxi, parecia uma menininha se deliciando com o abacaxi. Prendeu o cabelo pra trás -você fica linda assim -e fomos experimentar o mundo.

Primeiro, paramos numa loja ali perto e compramos uns bombons de licor, comemos os bombons enquanto falávamos sobre o disco de Caetano que tínhamos ouvido na noite anterior. E passamos um tempo calados, só olhando a beleza que explode das ruas da cidade. A Imperatriz em dia de sábado parece pior que o Galo, tem gente de todo o tipo, de todo o cheiro, cores e sabores, como você diz. Você adora passear por ali, e eu também.

Subimos até a nossa loja preferida e o cheiro de música boa já toma conta da gente no segundo degrau. Ali tem discos do chão até o teto, pra todos os gostos. Vamos primeiro na estante de rock gringo e pouquíssima coisa nos agrada, partimos pra nossa favorita que é a de música nacional. De Noel à Titãs, a gente se diverte. No fim, ficamos com um de Caetano e outro de Legião.

Já em casa, é disco na radiola e macarronada cozinhando. Tomamos uma coca enquanto bate um vento frio.  Você diz que vai chover e me manda fechar as janelas. Eu, incrédulo, fecho tudo, como você pediu e não é que começa a cair uma senhora chuva!? Você é demais! Sua macarronada estava uma delícia, também.

Depois do almoço, você faz questão de deixar a cozinha nos trinques, enquanto eu fico no sofá pensando no filme que iremos assistir à tarde. Daí você se joga ao meu lado e eu te abraço, é como se tivesse abraçando uma coisa tão frágil que não dá pra soltar, e você me abraça de volta. E ao som da chuva e de um Caetano chiado e bem baixinho, nós dormimos assim, aninhados, com a certeza de que as coisas mais belas cabem num abraço.