7 de dezembro de 2011

passarinho no dia de número 7

Você acordou cheia de dengo, me pediu um café, ainda com os olhos fechados e voltou a dormir. Apareci meia hora depois com nossas canecas e bolo. Te dei um beijo e você imediatamente levou a mão ao rosto, sorrindo. Murmurou sobre minha barba e abriu os olhos devagarzinho. Que preguiça gostosa você exalava!

Como sempre, pegou a minha caneca e deu um gole no café. Suspirou e voltou a deitar. Disse que hoje estava com vontade de ficar na cama o dia inteiro e eu disse que um banho resolveria. Você deu um pulo e mordiscou a pontinha do bolo. Disse que ia pro banho e me deu um abraço bem demorado. Demorou uns quarenta minutos no banho e saiu de lá de pele gelada, cheirando à flor, e vestido colorido. Você é tão bonita.

O seu café já tinha esfriado e eu já tinha comido todo o bolo. Tomou suco e comeu abacaxi, parecia uma menininha se deliciando com o abacaxi. Prendeu o cabelo pra trás -você fica linda assim -e fomos experimentar o mundo.

Primeiro, paramos numa loja ali perto e compramos uns bombons de licor, comemos os bombons enquanto falávamos sobre o disco de Caetano que tínhamos ouvido na noite anterior. E passamos um tempo calados, só olhando a beleza que explode das ruas da cidade. A Imperatriz em dia de sábado parece pior que o Galo, tem gente de todo o tipo, de todo o cheiro, cores e sabores, como você diz. Você adora passear por ali, e eu também.

Subimos até a nossa loja preferida e o cheiro de música boa já toma conta da gente no segundo degrau. Ali tem discos do chão até o teto, pra todos os gostos. Vamos primeiro na estante de rock gringo e pouquíssima coisa nos agrada, partimos pra nossa favorita que é a de música nacional. De Noel à Titãs, a gente se diverte. No fim, ficamos com um de Caetano e outro de Legião.

Já em casa, é disco na radiola e macarronada cozinhando. Tomamos uma coca enquanto bate um vento frio.  Você diz que vai chover e me manda fechar as janelas. Eu, incrédulo, fecho tudo, como você pediu e não é que começa a cair uma senhora chuva!? Você é demais! Sua macarronada estava uma delícia, também.

Depois do almoço, você faz questão de deixar a cozinha nos trinques, enquanto eu fico no sofá pensando no filme que iremos assistir à tarde. Daí você se joga ao meu lado e eu te abraço, é como se tivesse abraçando uma coisa tão frágil que não dá pra soltar, e você me abraça de volta. E ao som da chuva e de um Caetano chiado e bem baixinho, nós dormimos assim, aninhados, com a certeza de que as coisas mais belas cabem num abraço.

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