15 de novembro de 2018
primeiro encontro
"cruzei com tua mãe no corredor" você falou com meio sorriso na cara. eu não sabia o que pensar. eu não sabia o que pensar sobre muita coisa. naquele dia eu tinha planejado uma tarde inteira assistindo filme, mas não consegui fazer o download de tudo acontece em elizabethtown. você me perguntou porque eu queria assistir um filme tão romântico e me lembrou daquela cena que eles passam um tempão ao telefone. "que perda de tempo, né?" você disse. te chamei pra tomar um sorvete. que virou um café. que virou uma cerveja. mesmo numa segunda, mesmo debaixo de chuva. eu não tinha nada para fazer no dia seguinte, a gente conversava na mesma intensidade de duas pessoas que passaram dez anos sem se ver e precisavam colocar tudo em dia. olhei olho no olho pra você e sorri enquanto a gente ria sobre qualquer besteira que agora eu não lembro o que era. conversamos sobre o casal da mesa ao lado, que com certeza estava no primeiro encontro mas ninguém tinha coragem de beijar. eles eram muito bonitinhos. você me contou sobre seu pai, que te levou para aprender a andar de bicicleta em arcoverde. "por que tão longe?" te perguntei. você me contou sobre as histórias de terror que seu primo contava na antiga casa abandonada da sua vó, me falou que passou a acreditar em ET quando se perdeu no caminho entre a cachoeira e a fazenda onde passou parte da infância e também da vez que você e suas amigas -todas lésbicas- não puderam entrar num restaurante e vocês ficaram sem entender. já era tarde da noite, o bar estava quase fechando, quando você me pediu pra sentar mais perto e disse que eu ia acabar me molhando com a chuva, que tinha voltado a cair, se continuasse ali onde eu estava. continuamos conversamos, pedimos a saideira. estava muito distraída quando percebi que você não tirava os olhos de mim. tive vergonha -sempre tenho vergonha nesses momentos que antecedem um beijo-, você se aproximando, sua boca é tão linda. sem saber mais o que fazer, te beijei, de nervoso e de vontade. seu beijo tinha gosto de cerveja e cigarro de menta. quis te engolir, quis que você me engolisse. que delícia. depois da segunda saideira, você me disse que estava com muita vontade de dormir comigo. com a cara enfiada no seu pescoço, murmurei que também estava e perguntei se você não queria ir lá pra casa. você achou uma boa ideia e pedimos um uber. tive medo que ele nos expulsasse do carro enquanto trocávamos um monte de beijos. subimos, nos trancamos no meu quarto e acendi um incenso. deitamos juntas e nos olhamos. nos beijamos primeiro com o nariz, você sorriu pra mim. sua boca é tão linda. você me deu um beijo, passou pelo pescoço e desceu sua mão pelo meu corpo. seu toque era uma mistura de pesado e leve, fazia um carinho gostoso que me deixou arrepiada várias vezes. passou pela cintura, pelas costas, pela nuca, por meus seios. tirei sua blusa e você estava sem sutiã, apalpei seu peito esquerdo e passei com a mão por seu mamilo, você gemeu baixinho e então passei a língua por ele. sua mão desceu entre minhas coxas e eu fiquei ainda mais excitada, você passou com o dedo entre meus lábios -os de baixo- e eu estava molhada, você sorriu de lado e colocou dois dedos dentro de mim. gemi baixinho enquanto você ia e vinha pelo meu corpo. também te toquei e você também estava molhada. pediu para eu ir mais rápido. foi massa. você levantou meus braços - pensei por um microssegundo sobre o que você acharia dos meus pelos- e pediu para que eu fechasse os olhos. você me beijou e passou a língua por lugares que eu não esperava e foi muito gostoso, senti um arrepio diferente em cada toque. nós dormimos sem tomar banho, eu acho que eu estava meio bêbada. acordei com o sol que entrava pela janela que esqueci de fechar. sentei na cama e fiquei olhando os sinais das suas costas. tentei enxergar alguma constelação, não consegui. pouco tempo depois você acordou e sorriu pra mim, com uma voz rouca me deu bom dia. sorri de volta e você me perguntou se tinha alguém em casa, pois queria ir ao banheiro. imaginei que não tivesse ninguém e você foi enrolada numa toalha. eu não havia avisado a minha mãe que iria levar uma amiga.
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