4 de fevereiro de 2012

"só não escreva mais pra mim"

Fevereiro de 2012

Ana,
já não tem mais graça te escrever. Você se foi e milhões de palavras são inúteis, pois nós dois sabemos que você não vai mais voltar. Não vou expor lembranças aqui, Ana. Só vou dizer o quanto foram boas, se é que você ainda se lembra delas.
Você conheceu uma porção de caras novos, um monte de novos lugares e cheiros e sabores e tinta guache. Vai que tenha sido bom. Só não faço ideia se foi bom ou não pra mim, ainda não contabilizei o prejuízo ou o lucro causado por você. Por ora, Recife continua quente e comigo está tudo mais ou menos.
Ainda penso em você todos os dias e ainda acho que a ferida que você foi abrindo durante todo esse tempo, foi crueldade de sua parte. Gravei um CD só com músicas que me lembravam você e ouvi umas 17 vezes. Estou procurando uma nova trilha sonora para minha vida, sua música já está começando a cansar os meus ouvidos, Ana.
Você ainda é viva no cheiro do Capibaribe pela manhã. E é ali que vai ficar, mas só ali, porque aqui dentro tá faltando espaço. Eu já nem sei mais.

Vê se não dá as caras, vê se não me enche os olhos mais uma vez, para então ir embora de novo, como você sempre faz. Assim é melhor pra nós dois.

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