o seu quarto cheirava a cigarro e incenso de alfazema. "é para purificação do ambiente", você disse lendo a caixa lilás. depois riu e contou que na verdade era para despistar o cheiro de maconha e de marlboro que ficava depois que você fumava. uma luz verde pulsava num dos cantos do quarto e você me chamou para sentar na sua cama.
olhei para a parede e perguntei sobre todas aquelas imagens coladas ali, meio galeria de arte. você me explicou cada uma delas e de onde vieram. "ah! aquele é de um museu que fui em buenos aires. eu gosto demais daquela cidade".
aí você me chamou pra mais perto. meio sem jeito, me deitei ao seu lado e você sorriu pra mim antes de começar a fazer carinho no meu ombro. borboletas voavam dentro do meu corpo inteiro e você percebeu quando me arrepiei.
tocava, claro, caetano veloso na vitrola que você tinha acabado de ganhar de presente dos seus avós. eu te contei sobre todas as vezes que meu pai me levava à praia ouvindo caetano a viagem inteira e só. daqui até serrambi. eu não me cansava de caetano. você sorriu e disse que certamente essa seria uma boa história para se transformar num poema.
talvez tenhamos passado horas falando sobre caetano veloso e toda aquela discografia que parecia infinita."mas eu prefiro jorge mautner", você concluiu e então me deu um beijo na boca e eu correspondi àquele beijo.
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