Só eu e ele. Eu, ele e aquela 38. Ele dormia. Seria fácil. Seria como nos filmes. Eu atirava e ele morria. Não importavam as conseqüências. Ele estaria morto. Em breve. As minhas mãos suavam.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Não me recordo o ano. A verdade, é que eu nunca quis ser freira. Causa duma promessa, feita por minha mãe. Maldita promessa. Aos 7 anos, entrei naquele convento. E até fiz algumas amigas.
Na adolescência, estávamos com os hormônios à flor da pele. Não queríamos aquela virgindade eterna. Queríamos curtir os prazeres da vida, sabe como é. O jeito para acabar com esses desejos e carências era trocar certas intimidades entre nós mesmas. Mantínhamos aquilo em segredo da Madre Superiora.
Até que um dia, ele estava numa de suas visitas casuais pelo convento. Era um padre, na época, recém saído do seminário. Tinha os olhos maus. Observava-nos, desejando algo. De nós.
Eu e minha amiga estávamos num de nossos momentos mais íntimos e sensuais, nós não estávamos sabendo daquela visita do padre. Se soubéssemos, jamais estaríamos fazendo aquilo, naquela hora, naquele lugar.
A porta abriu-se bruscamente. Paramos depressa com o que estávamos fazendo e viramo-nos para ver quem estava ali, pois todos deveriam estar rezando o terço naquele momento. Menos nós, Freiras Lésbicas. Vimos então, o padre parado a porta. Ele a trancou e se aproximou de nós, furioso.
Puxou minha amiga pelo cabelo e disse-lhe para não gritar. Deu-lhe uma surra e em seguida abriu o zíper da calça que estava usando.
“É isso que vocês querem?”
Observava tudo aquilo chocada. Recuei, corri até a porta, destranquei e saí correndo, desesperada. Porém, estava convicta de uma coisa. Ele morreria.
E agora, estávamos sozinhos naquele quarto da paróquia. Só eu, ele e a 38. Hora da vingança, padre.
Mirei a arma bem no meio de sua testa.
Ave Maria, cheia de graça. Rogai por nós, pecadores. Fechei os olhos. Amém.
Apertei no gatilho. Um tiro seco. Sangue. Um padre morto e eu, uma freira lésbica assassina.
2 comentários:
para todas as tradições, contradições
Nu! Intenso. Surpreendente. Convicto.
E eu, estou surpreso.
Postar um comentário