29 de setembro de 2011

Laís

Cinco horas da manhã e o sol pouco dava as caras. Laís dormia sob os meus lençóis. Olhei para ela, ela era tão bonita. Toda pequena e delicadinha. Sorri. Tinha em meus braços uma garota fantástica que não se incomodava em passar horas vendo filmes em preto e branco ou ouvindo The Who.

Lavei o rosto, preparei um café e fiquei observando o sol colorir o apartamento. Laís acordou, me encontrou na sala, ainda sonolenta e sentou-se no meu colo, sorriu pra mim, roubou o meu café. Naquele momento pensei que poderia dar a vida pela aquela mulher!
Como de costume, quando passava extensas temporadas em minha casa, Laís nos preparou um café da manhã e saiu para o trabalho. Pouco tempo depois, saí também. Voltei ao final do dia com o jantar. Hambúrgueres, os favoritos de Laís.

Laís não estava em casa, o que achei estranho. Mas, tempos depois, ela chegou. Perguntei o que tinha acontecido e ela disse que havia se enrolado no trabalho. Ofereci os hambúrgueres e ela disse que estava sem fome.
Foi ao banheiro, deixou o chuveiro por bastante tempo ligado e saiu de lá dizendo que ia embora, se desse voltava na próxima semana. Mas já?! Laís sempre dizia que adorava o tempo que passava aqui em casa. Resolvi não me opor.

Passaram-se os dias e Laís não aparecia. Não ligava, raramente atendia minhas ligações e pouco falava quando atendia. Havia algo de diferente na voz de Laís. Pensamentos avassaladores passavam pela minha cabeça. E uma súbita vontade de mandar Laís sumir de minha vida tomou conta de mim. Mas eu não podia fazer isso. Era Laís. Laís era excepcional. Laís era excepcional.

Dia, resolvi tomar satisfações. Fui até sua casa. Ela estava sozinha, lia Emily Brontë pela enésima vez. Perguntei o que estava acontecendo, porque ela estava agindo daquela maneira e se eu tinha feito algo errado. Ela me olhou com uma cara que misturava culpa e pena.

Disse que havia cansado. Cansou-se de mim. Que não era mais feliz ao meu lado e sentia um vazio. Laís se cansou de mim. Resolvi arriscar e pedi-la em casamento. Ela riu, riu um sorriso indecifrável e disse que não. Me deu um abraço e manteve os olhos no chão pelo curto tempo que fiquei ali, parado e sem ações.

Laís havia me deixado. Laís havia se cansado. Laís já não era mais minha, já não roubaria meus cafés nem sentaria no meu colo. Laís foi embora, escapou das minhas mãos sem eu nem perceber. Ela já tinha ido embora havia tempos.

Um comentário:

Alanna Portela disse...

Mais um pobre louco apaixonado...